Meu celular, meu inconsciente

O fantasma que há no meu celular

Admito, eu parcelei em 6 vezes, sem juros. Mas isso faz diferença? Talvez, porque na medida em que se aproxima a quitação, você sente que o celular é mais seu e menos da loja. Ok…

O meu smartphone possui um cacoete muito estranho. Às vezes a tela está apagada, mas é como se estivesse aberta sua funcionalidade – tudo que você toca, ainda que a tela esteja desligada acaba funcionando.

E não é que um dia eu percebi que meu smartphone quase ia efetivando uma compra estranha no Ifood? Comida indiana… Eu nunca provei tal culinária. “Meu cel deve estar faminto”, pensei.

Não é que um dia quase que o smartphone manda uma mensagem para meu antigo chefe?

Deve ser a vontade de mandar tomar no cu, a vontade que tive mas nunca a efetivei…

Não é que um dia, o desgraçado do meu celular, ligou o tinder e começou a dar match estranhos? Match com garotas cuja descrição era: “casal procura”. Porra, aí é demais.

Não é que um dia, o meu celular, quase que liga para aquela pessoa desagradável o suficiente para não xingá-la (porque é politicamente incorreto), mas fez um estrago da minha vida. “Deve ser a porra da saudade”, pensei.

Não é que um dia, flagrei meu celular digitando: “Saiam das redes sociais, bando de arrombado e vão viver suas vidas”. Isso foi no falecido Facebook, que Deus o tenha.

Ah, e sem falar naquele dia, né… que eu flagrei meu celular fazendo uma hashtag muito atípica: “#suruba na igre ja”. Eu o perdoei, porque provavelmente meu celular estava entediado.

Mas eu quase não houve perdão quando meu celular quase, por pouco não efetivara uma compra de uma boneca inflável na China em um site de confiança duvidosa.

Pensei que meu celular pudesse conversar sozinho com alguns dos presidiários que passam trote.

“Deve ser divertido”, eu concordei.

Às vezes, eu admito – meu celular automaticamente vai para o Spotfy e escolhe músicas que não tenho coragem de assumir que gosto – para fugir do algorítimo. Geralmente é só pra contrariar ou raça negra. “Presumi que era um tipo de dor de corno”.

A modernidade tem disso; antigamente a gente colocava culpa na bebida. Hoje a gente coloca culpa na falha eletrônica de um aparelho para não se deparar com vícios ocultos não admitidos.

Inclusive, digitei isso tudo através do meu celular.

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